sexta-feira, 6 de agosto de 2010

História

Antecedentes

Origens do termo samba

O batuque praticado durante o Brasil do século XIX, em pintura de Johann Moritz Rugendas.
Existem várias versões acerca do nascimento do termo "samba". Uma delas afirma ser originário do termo "Zambra" ou "Zamba", oriundo da língua árabe, tendo nascido mais precisamente quando da invasão dos mouros à Península Ibérica no século VIII.[14] Uma outra diz que é originário de um das muitas línguas africanas, possivelmente do quimbundo, onde "sam" significa "dar", e "ba" "receber" ou "coisa que cai". Ainda há uma versão que diz que a palavra samba vem de outra palavra africana, semba, que significa umbigada. No Brasil, acredita-se que o termo "samba" foi uma corruptela de "semba" (umbigada), palavra de origem africana - possivelmente oriunda de Angola ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil.
Um dos registros mais antigas da palavra samba apareceu na revista pernambucana O Carapuceiro, datada de fevereiro de 1838, quando Frei Miguel do Sacramento Lopes Gama escrevia contra o que chamou de "samba d'almocreve" - ou seja, não se referindo ao futuro gênero musical, mas sim a um tipo de folguedo (dança dramática) popular de negros daquela época. De acordo com Hiram da Costa Araújo, ao longo dos séculos, as festas de danças dos negros escravos na Bahia eram chamadas de "samba".
Em meados do século XIX, a palavra samba definia diferentes tipos de música introduzidas pelos escravos africanos, sempre conduzida por diversos tipos de batuques, mas que assumiam características próprias em cada Estado brasileiro, não só pela diversidade das tribos de escravos, como pela peculiaridade de cada região em que foram assentados. Algumas destas danças populares conhecidas foram: bate-baú, samba-corrido, samba-de-roda, samba-de-chave e samba-de-barravento, na Bahia; coco, no Ceará; tambor-de-crioula (ou ponga), no Maranhão; trocada, coco-de-parelha, samba de coco e soco-travado, no Pernambuco; bambelô, no Rio Grande do Norte; partido-alto, miudinho, jongo e caxambu, no Rio de Janeiro; samba-lenço, samba-rural, tiririca, miudinho e jongo em São Paulo.[1]

Favela e Tias Baianas

A partir da segunda metade do século XIX, a medida que as populações negra e mestiça na cidade do Rio de Janeiro - oriundos de várias partes do Brasil, principalmente da Bahia, bem como de ex-soldados da Guerra de Canudos do final daquele século - cresciam, estes povoavam as imediações do Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça Onze, Cidade Nova, Saúde e Zona Portuária. Estes povoamentos formariam comunidades pobres que estas próprias populações denominaram de favela (posteriormente, o termo se tornaria sinônimo de construções irregulares das classes menos favorecidas).
Estas comunidades seriam cenário de uma parte significativa da cultura negra brasileira, especialmente com relação ao candomblé e ao samba amaxixado daquela época. Dentre os primeiros destaques, estavam o músico e dançarino Hilário Jovino Ferreira - responsável pela fundação de vários blocos de afoxés e ranchos carnavalescos - e das "Tias Baianas" - termo como ficaram conhecidas muitas baianas descendentes de escravos no final do século XIX.
Dentre as principais "tias baianas", destacaram-se Tia Amélia (mãe de Donga), Tia Bebiana, Tia Mônica (mãe de Pendengo e Carmem Xibuca), Tia Prisciliana (mãe de João da Baiana), Tia Rosa Olé, Tia Sadata, Tia Veridiana (mãe de Chico da Baiana). Talvez a mais conhecida delas tenha sido Hilária Batista de Almeida - a Tia Ciata (Aciata ou ainda Asseata).[1]
Assim, o samba propriamente como gênero musical nasceria no início do século XX nas casas destas "tias baianas", como um estilo descendente do lundu, das festas dos terreiros entre umbigadas (semba) e pernadas de capoeira, marcado no pandeiro, prato-e-faca e na palma da mão.[2]
Existem algumas controvérsias sobre o termo samba-raiado, uma das primeiras designações para o samba. Sabe-se que o samba-raiado é marcado pelo som e sotaque sertanejos/rural baiano trazidos pelas tias baianas ao Rio de Janeiro. Segundo João da Baiana, o samba raiado era o mesmo que chula raiada ou samba de partido-alto. Já para o sambista Caninha, este foi o primeiro nome teria ouvido em casa de tia Dadá. Na mesma época, surgiram o samba-corrido — que possuía uma harmonia mais trabalhada, mas ainda com o sotaque rural baiano – e o samba-chulado, mais rimado e com melodia que caracterizariam o samba urbano carioca.

Cenas baiana e paulista

O samba urbano carioca se firmaria no século XX como o "samba brasileiro" por excelência. No entanto, antes desse tipo de samba se consolidar como o "samba nacional" em todo o Brasil, havia formas tradicionais de sambas na Bahia e em São Paulo.[3]

Samba baiano antigo

O samba baiano rural adquiriu denominações suplementares, conforme as variações coreográficas - por exemplo, o "samba-de-chave", em que o dançarino solista fingia procurar no meio da roda uma chave, e quando a encontrava, era substituído.[3] A estrutura poética do samba baiano obedecia à forma verso-e-refrão - composto de um único verso, solista, a que se segue outro, repetido pelo coro de dançarinos de roda como estribilho. Não havendo refrão, o samba é denominado samba-corrido, variante pouco comum. Os cantos tirados por uma cantador, que é um dos instrumentistas ou o dançarino solista.[3]
Outra peculiaridade do samba baiano era a forma de concurso que a danças às vezes apresenta, que era uma disputa entre os participantes para ver quem melhor executava seus detalhes solistas. Afora a umbigada, comum a todo o samba, o da Bahia apresentava três passos fundamentais: corta-a-joca, separa-o-visgo e apanha-o-bago. Há também outro elemento coreográfico, dançado pelas mulheres: o miudinho (este também aparecia em São Paulo, como dança de solistas en centro de roda.).[3]
Os instrumentos do samba baiano eram o pandeiro, o violão, o chocalho e, às vezes, as castanholas e os berimbaus.[3]

Samba paulista antigo

Em São Paulo, o samba passou do domínio negro para o caboclo. E, na zona rural, pode se apresentar sem a tradicional umbigada. Há também outras variantes coreográficas, podendo os dançarinos se dispor em fileiras opostas - homens de um lado, mulheres de outro. Os instrumentos do samba paulista eram as violas, os adufes e os pandeiros.[3]
Existem referências a este tipo de samba de fileiras em Goiás, com a diferença de que lá foi conservada a umbigada. É possível que a disposição primitiva de roda, em Goiás, tenha sido alterada por influência da quadrilha ou do cateretê. De acordo com o historiador Luís da Câmara Cascudo, é possível observar a influência da cidade no samba pelo fato de ele ser também dançado por par enlaçado.[3]

Primeiras décadas do século XX

Pelo Telefone"

Avó do compositor Bucy Moreira, Tia Ciata foi uma das responsáveis pela sedimentação do samba carioca. Segundo o folclore de época, para que um samba alcançasse sucesso, ele teria que passar pela casa de Tia Ciata e ser aprovado nas rodas de samba das festas, que chegavam a durar dias. Muitas composições foram criadas e cantadas em improvisos, caso do samba "Pelo telefone" (de Donga e Mauro de Almeida), samba para o qual também havia outras tantas versões, mas que entraria para a história da música brasileira como o primeiro a ser gravado, em 1917.[1]
Embora outras gravações tenham sido registradas como samba antes de "Pelo Telefone", foi esta composição assinada pela dupla Donga/Mauro de Almeida que é considerada como marco fundador do gênero. Ainda assim, a canção tem autoria discutida e sua proximidade com o maxixe fez com que fosse designada por fim como samba-maxixe. Esta vertente era influenciada pela dança maxixe e tocada basicamente ao piano - diferentemente do samba carioca tocado nos morros - e teve como expoente o compositor Sinhô, auto-intitulado "o rei do samba", que com outros pioneiros como Heitor dos Prazeres e Caninha, estabeleceria os primeiros fundamentos do gênero musical.[2]

Turma do Estácio

Morro da Mangueira, em imagem do século XXI: reduto de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho.
A especulação imobiliária se espalhava pela cidade do Rio de Janeiro e formava diversos morros e favelas no cenário urbano carioca, que seriam o celeiro de novos talentos musicais. Quase simultaneamente, o "samba carioca" nascido no centro da cidade iria galgar as encostas dos morros e se alastrar pela periferia afora, a ponto de, com o tempo, ser identificado como samba de morro.[15]
No final da década de 1920, nasceu o samba dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz, e dos morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos, que faria inovações rítmicas no samba que perduram até os dias atuais. Deste grupo, se destacaria a chamada "Turma do Estácio", onde surgiria ainda a Deixa Falar, a primeira escola de samba brasileira.
Formada por alguns compositores do bairro do Estácio, entre os quais Alcebíades Barcellos (o Bide), Armando Marçal, Ismael Silva, Nilton Bastos e mais os malandros-sambistas Baiaco, Brancura, Mano Edgar, Mano Rubem, a "Turma do Estácio" marcaria a história do samba brasileiro por injetar ao gênero uma cadência mais picotada, que teve endosso de filhos da classe média, como o ex-estudante de direito Ary Barroso e o ex-estudante de medicina Noel Rosa.
Inicialmente um rancho carnavalesco, posteriormente um bloco carnavalesco e por fim, uma escola de Samba, a Deixa Falar teria sido a primeiro a desfilar no carnaval carioca ao som de uma orquestra de percussões formada por surdos, tamborins e cuícas, aos quais se juntavam pandeiros e chocalhos.
Este conjunto instrumental foi chamado de "bateria" e prestava-se ao acompanhamento de um tipo de samba que já era bem diferente dos de Donga, Sinhô e Pixinguinha. O samba feito à moda do Estácio de Sá firmou-se rapidamente como o samba carioca por excelência.[16]
A "Turma do Estácio" fez com que o samba fosse devidamente ritmado de forma que pudesse ser acompanhado no desfile de carnaval, distanciando assim do andamento amaxixado de compositores como Sinhô. Além disso, suas rodas de samba foram freqüentadas por compositores de outros morros cariocas, como Cartola, Carlos Cachaça e posteriormente Nelson Cavaquinho e Geraldo Pereira, Paulo da Portela, Alcides Malandro Histórico, Manacé, Chico Santana, Molequinho, Aniceto do Império Serrano. Acompanhados por um pandeiro, um tamborim, uma cuíca e um surdo, estes bambas criavam e difundiam o samba-de-morro.[3]

Popularização

Depois da fundação da Deixa Falar, o fenômeno das escolas de samba tomou conta do cenário carioca e ajudou a impulsionar subgêneros do samba, do partido-alto, cantado como desafio nos terreiros, ao samba-enredo, trilha para desfile das Escolas de samba do Rio de Janeiro.

A arte de improvisar o samba

Cantado nos terreiros das escolas de samba ou nos chamados pagodes - habituais reuniões festivas, regadas a música, comida e bebida -, o samba-de-partido-alto tem suas origens nas umbigadas africanas e é a forma de samba que mais se aproxima da origem do batuque angolano, do Congo e regiões próximas.[17] O partido alto costuma ser dividido em duas partes: o refrão e os versos. Esta cantoria é a arte de criar versos, em geral de improviso e constituído de peças da tradição oral, e cantá-los sobre uma linha melódica preexistente ou também improvisada, praticada, em diversas modalidades.[18]

Escolas de samba e o Carnaval

Juntamente com as escolas de samba que galgaram estágios de aceitação, admiração e paternalização através dos anos, o samba-enredo se tornou um dos símbolos nacionais. Inicialmente, o samba-enredo não tinha enredo, mas isso mudou quando o Estado - mais propriamente o Estado Novo de Getúlio Vargas - assumiu a organização dos desfiles e obrigou o sambas-enredo a ser sobre a história oficial do Brasil.[19] A letra do samba-enredo conta uma história que servirá de enredo para o desenvolvimento da apresentação da escola de samba. Em geral, a música é cantada por um homem, acompanhado sempre por um cavaquinho e pela bateria da escola de samba, produzindo uma textura sonora complexa e densa, conhecida como batucada.
Iniciadas nos moldes dos ranchos carnavalescos, as escolas – inicialmente com Mangueira, Portela, Império Serrano, Salgueiro e, nas décadas seguintes, com Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense e Mocidade Independente – cresceriam até dominar o Carnaval carioca, transformando-o em um grande negócio com forte impacto no movimento turístico.
Durante a década de 1930, era costume em um desfile de escola de samba que, na primeira parte, esta apresentasse um samba qualquer e, na segunda parte, os melhores versadores improvisassem, geralmente com sambas saídos do terreiros das escolas (atuais quadras). Estes últimos ficaram conhecidos como sambas-de-terreiro.

Era do rádio

Carmen Miranda no filme The Gang's All Here. Cantora luso-brasileira ajudou a divulgar o samba em nível internacional.
A partir da década de 1930, a popularização do rádio no Brasil ajudou a difundir o samba por todo o país. As emissoras de rádios brasileiras ajudaram a popularizar o samba-canção e o samba-exaltação, sub-gêneros muito executados.
O samba-canção foi lançado em 1928 com a gravação "Ai, Ioiô" (de Henrique Vogeler), na voz de Aracy Cortes. Também conhecido como samba de meio do ano, o samba-canção se firmou na década seguinte. Era uma forma mais lenta e cadenciada do samba e tinha como ênfase musical uma melodia geralmente de fácil aceitação. Esta vertente foi influenciado mais tarde por ritmos estrangeiros, primeiramente pelo fox e, na década de 1940, pelo bolero de enredos sentimentais.
Se o samba de morro tratava de temas diversos como malandragem, mulheres comportadas, favelas, o samba-canção mudou o foco para o lado subjetivo das dores e ingratidões, principalmente pela ótica do sofredor amoroso, tendo como resquício a temática do bolero, quando não assumindo um tom de queixa. Foi considerado um gênero da classe média por excelência. Além de "Ai, Ioiô", alguns outros clássicos do samba-canção foram "Risque", "No Rancho Fundo", "Copacabana" e "Ninguém Me Ama".
Seus mais famosos compositores foram Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Braguinha (conhecido também como João de Barro) e Ataulfo Alves. Outros destaques deste estilo foram Antônio Maria, Custódio Mesquita, Dolores Duran, Fernando Lobo, Henrique Vogeler, Ismael Neto, Lupicínio Rodrigues, Batatinha e Adoniran Barbosa, este último marcadamente por doses satíricas.
Villa-Lobos foi um dos intelectuais renomados que reconheceram o valor do samba.
No final da década de 1950, com o surgimento da bossa-nova, o samba-canção mais voltado para a "fossa" foi sendo um pouco esquecido e passou a dar voz a temáticas mais amenas, como a praia, o mar, o sol, temas cultivados por uma nova geração de compositores como Carlos Lyra, Mario Telles, Roberto Menescal, Ronaldo Boscoli, entre outros liderados pelo poeta Vinicius de Moraes. Este tipo de samba-canção utilizava o compasso 2/4, influenciado pelo violão cool jazz de Barney Kessel e a voz de Julie London no álbum "Julie Is My Name".
Mas a ideologia do Estado Novo de Getúlio Vargas contaminava o cenário do samba. Da malandragem convertido de "O Bonde São Januário" (de Ataulfo Alves e Wilson Batista) chegou-se a "Aquarela do Brasil" (de Ary Barroso), gravada por Francisco Alves em 1939. A canção foi o carro-chefe do samba-exaltação e primeiro sucesso brasileiro no exterior. O samba-exaltação era caracterizado por composições de melodia extensa e versos patrióticos. A cantora luso-brasileira Carmen Miranda conseguiu projetar o samba internacionalmente a partir do cinema.
Com o suporte do presidente Getúlio Vargas, o samba ganhou status de "música oficial" do Brasil. Mas este status de identidade nacional também veio do reconhecimento de intelectuais como Heitor Villa-Lobos, que organizou uma gravação com o maestro erudito norte-americano Leopold Stokowski no návio Uruguai, em 1940, do qual participaram Cartola, Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Zé da Zilda.[20]
Também na década de 1940, surgia uma nova safra de artistas como Francisco Alves, Mário Reis, Orlando Silva, Silvio Caldas e, mais adiante, Aracy de Almeida, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, entre outros.[2] Novas adesões como de Assis Valente, de Ataulfo Alves, de Custódio Mesquita, de Dorival Caymmi, de Herivelto Martins, de Pedro Caetano, de Synval Silva, conduziram o samba para outros caminhos já ao gosto da indústria musical.

Outras vertentes e variações

Ainda durante a década de 1930, mas especialmente a partir de meados da década de 1940 e ao longo da década de 1950, o samba recebeu novas influências de ritmos latinos e norte-americanos. As concentrações urbanas provocaram o aparecimento das primeiras danceterias populares, as chamadas gafieiras, palco para estilos novos que surgiriam dentro do seio do samba, como são os casos dos sincopados samba-choro e samba de gafieira.
O samba-de-gafieira foi um sub-gênero surgido sob influência de ritmos latinos e norte-americanos - geralmente instrumentais e tocados por orquestras norte-americanas (adequada para danças praticadas em salões públicos, gafieiras e cabarés) - que chegavam ao Brasil em meados da década de 1940 e ao longo da década de 1950.
Já o samba-choro era uma variante do samba surgida nos anos 1930 em que se misturam o fraseado instrumental do choro (com flauta) ao batuque do samba. Entre as primeiras composições no estilo, figuram "Amor em excesso" (de Gadé e Valfrido Silva, em 1932) e "Amor de parceria" (de Noel Rosa, em 1935).
Em 1933, Heitor dos Prazeres lançou o samba "Eu choro" e o termo "breque" (do inglês break), então popularizado com referência ao freio instantâneo dos novos automóveis. Assim surgia o samba-de-breque. Variante do samba-choro, o samba-de-breque era caracterizado por um ritmo acentuadamente sincopado com paradas bruscas, os chamados breques, durante a música para que o cantor fizesse uma intervenção. Estas paradas serviam para o cantor encaixar as frases apenas faladas, diálogos ou comentários bem humorados do cantor - conferindo graça e malandragem na narrativa. Luís Barbosa foi o primeiro a trabalhar este tipo de samba, que conheceu em Moreira da Silva o seu expoente máximo. Outro destaque desta vertente foi Germano Mathias.

Década de 1950

Na década de 1950, surgiriam a sambalada - uma espécie de samba-canção com letras românticas e ritmo lento como as baladas lançadas no mercado brasileiro. O partido alto ressurgiu entre os compositores das escolas de samba dos morros cariocas, mas já não estava mais ligado a um tipo de dança, e sim sob a forma de improvisações cantadas feitas individualmente, alternadas com estribilhos conhecidos cantados pela assistência. Entre alguns partideiros, se destacaram Geraldo Pereira, Herivelto Martins e Wilson Batista.
Mas um movimento, nascido na zona sul do Rio de Janeiro e fortemente influenciado pelo jazz, marcaria a história do samba e da música popular brasileira naquela década. A bossa-nova surgiu no final da década de 1950, com uma acentuação rítmica original - que dividia o fraseado do samba e agregava influências do impressionismo erudito e do jazz - e um estilo diferente de cantar, intimista e suave.[21]
Após precursores como Johnny Alf, João Donato e músicos como Luís Bonfá e Garoto, este sub-gênero foi inaugurado por João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e teria uma geração de discípulos-seguidores como Carlos Lyra, Roberto Menescal, Durval Ferreira e grupos como Tamba Trio, Bossa 3, Zimbo Trio e Os Cariocas.
Também no final da década de 1950, surgiria o sambalanço, uma ramificação popular da bossa nova (que era mais apreciada pela classe média). Também misturava o samba com ritmos norte-americanos como o jazz. O sambalanço foi muito tocado em bailes suburbanos das décadas de 1960, 1970 e 1980.
Este estilo projetou artistas como Bebeto, Bedeu, Copa 7, Djalma Ferreira, Os Devaneios, Dhema, Ed Lincoln e Seu Conjunto, Elza Soares, Grupo Joni Mazza, Luis Antonio, Luís Bandeira, Luiz Wagner, Miltinho, entre outros. Já no século XXI, grupos como o Funk Como Le Gusta e Clube do Balanço deram continuidade aos bailes e mantêm vivo este sub-gênero.

Década de 1960

Reaproximação com o morro

Nelson Sargento em show no Sesc Esquina, Curitiba, em 2007. Artista integrou o conjunto A Voz do Morro.
Com a bossa nova, o samba se afastou ainda mais de suas raízes populares. A influência do jazz aprofundou-se e foram incorporadas técnicas musicais eruditas. A partir de um festival no Carnegie Hall de Nova York, em 1962, a Bossa nova alcançou sucesso mundial. Mas ao longo das décadas de sessenta e setenta, muitos artistas que surgiam - como Chico Buarque de Holanda, Billy Blanco, Martinho da Vila e Paulinho da Viola defenderam o retorno do samba a sua batida tradicional, com a reaparição de veteranos como Candeia, Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Kéti.
No início da década de 1960 foi criado o "Movimento de Revitalização do Samba de Raiz", promovido pelo Centro Popular de Cultura, em parceria com a União Nacional dos Estudantes. Foi o tempo do aparecimento do bar Zicartola, dos espetáculos de samba no Teatro de Arena e no Teatro Santa Rosa e de musicais como "Rosa de Ouro". Produzido por Hermínio Bello de Carvalho, o "Rosa de Ouro" revelou Araci Cortes e Clementina de Jesus.
Dentro da bossa nova surgiram dissidências. Uma delas gerou os Afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes. Além disso, parte do movimento se aproximou de sambistas tradicionais, revalorizando o samba do morro, especialmente de Cartola, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Zé Kéti e, mais adiante, Candeia, Monarco, Monsueto e Paulinho da Viola.[1] A exemplo do sambista Paulo da Portela, que intermediou as relações do morro com a cidade quando o samba era perseguido, Paulinho da Viola - também da Portela - seria uma espécie de embaixador do gênero tradicional diante de um público mais vanguardista, entre os quais os tropicalistas. Também do interior da bossa nova apareceria Jorge Ben para dar sua contribuição autoral mesclada com o rhythm and blues norte-americano, que mais adiante suscitaria o aparecimento de um subgênero apelidado suíngue (ou samba-rock).[2]
Durante os anos sessenta, apareceram grupos formados por sambistas com experiências anteriores no universo do samba e músicas gravadas por grandes nomes da MPB. Entre eles, estavam Os Cinco Crioulos (composto por Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho e Paulinho da Viola, substituído mais tarde por Mauro Duarte), A Voz do Morro (composto por Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento, Oscar Bigode, Paulinho da Viola, Zé Cruz e Zé Kéti), Mensageiros do Samba (Candeia e Picolino da Portela), Os Cinco Só (Jair do Cavaquinho, Velha, Wilson Moreira, Zito e Zuzuca do Salgueiro).
Fora da cena principal dos chamados festivais de Música Popular Brasileira, o samba encontraria na Bienal do Samba, no final dos anos sessenta, o espaço destinado a grandes nomes do gênero e seguidores. Ainda naquele final de década, aparecia o chamado "samba-empolgação" dos blocos carnavalescos Bafo da Onça (Catumbi), Cacique de Ramos (Olaria) e Boêmios de Irajá (Irajá).[1]

Fusões com o Funk

Também na década de 1960, surgiu o samba-funk.
O samba-funk surgiu no final da década de 1960 com o pianista Dom Salvador e o seu Grupo Abolição, que mesclavam o samba com o funk norte-americano recém-chegado em terras brasileiras. Com a ída definitiva de Don Salvador para os Estados Unidos, o grupo encerrou as atividades, mas no começo da década de 1970 alguns ex-integrantes como Luiz Carlos Batera, José Carlos Barroso e Oberdan Magalhães se juntaram a Cristóvão Bastos, Jamil Joanes, Cláudio Stevenson e Lúcio da Silva para formar a Banda Black Rio. O novo grupo aprofundou o trabalho de Don Salvador na mistura do compasso binário do samba brasileiro com o quaternário do funk americano, calcado na dinâmica de execução, conduzida pela bateria e baixo. Mesmo após o fim da Banda Black Rio, em 1980, DJs britânicos passaram a divulgar o trabalho do grupo e o ritmo fora redescoberto em toda a Europa, principalmente na Inglaterra e Alemanha.[1]

Década de 1970

No começo da década de 1970, novamente o samba viveria um período de revalorização, que projetaria cantoras como Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes - ambas com grandes vendagens de discos -,[22] além do cantor Roberto Ribeiro e dos compositores João Nogueira, Nei Lopes e Wilson Moreira. O samba passou a ser novamente muito executado nas rádios, com grande destaque para sua vertente partido-alto e com o domínio das paradas de sucesso por artistas como Martinho da Vila, Bezerra da Silva, Clara Nunes e Beth Carvalho.

Massificação do estilo Partido-Alto

Martinho da Vila, um dos artistas que popularizaram o estilo partido-alto.
Na virada da década de 1960 para a década de 1970, o jovem Martinho da Vila daria uma nova face aos tradicionais sambas-enredo consagrados por autores como Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola, compactando-os e ampliando sua potencialidade no mercado musical. Além disso, Martinho popularizaria o estilo do samba-de-partido-alto (com canções como "Casa de Bamba" e "Pequeno Burguês"), lançadas no seu primeiro álbum em 1969.
Embora o termo tenha surgido no início do século XX nas rodas na casa da Tia Ciata - inicialmente para designar música instrumental -, o termo partido alto passou a ser utilizado para denominar um tipo de samba que é caracterizado por uma batida de pandeiro altamente percussiva, com uso da palma da mão no centro do instrumento para estalos. A harmonia do partido alto é sempre em tom maior, geralmente tocado por um conjunto de instrumentos de percussão (normalmente surdo, pandeiro e tamborim) e acompanhado por um cavaquinho e/ou por um violão. Mas este partido-alto assimilado pela indústria fonográfica era feito de solos escritos, e não mais improvisados e espontâneos, segundo os cânones tradicionais.[18]

Samba-jóia

Também naquela década, muitos críticos musicais cunharam em sentido pejorativo os termos samba-jóia ou sambão-jóia, para designar um tipo de samba supostamente de qualidade duvidosa ou cafona. Outros críticos perceberam no termo - e nos cantores e compositores a ele relacionado - uma certa importância para a MPB.
Entre alguns nomes do samba-jóia, estavam Agepê (interprete de "Moro onde não mora ninguém"), Antonio Carlos e Jocafi (de "Você abusou"), Benito Di Paula (de "Retalhos de cetim" e às vezes também classificado como "sambolero", pois usava freqüentemente em suas apresentações piano, timba e chimbal), Luiz Ayrão (de "Mulher à brasileira"), Jorginho do Império (de "Dinheiro vai, dinheiro vem"), Os Originais do Samba (de "Falador Passa Mal"), Tom e Dito (de "Tamanco malandrinho"). Beth Carvalho também emplacaria "Vou Festejar" e "Coisinha do Pai", dois sambas chamados "jóias logo aceitos por várias faixas sociais - principalmente pelas mais baixas -, mas considerados por alguns críticos como de "qualidade duvidosa".[22]
Outros críticos, no entanto, valorizavam o fato deste estilo de samba recolocá-lo nas principais emissoras de rádio e TV do país, além de serem responsáveis por vendas expressivas de discos do gênero naquela década.[1] Parte da crítica favorável via em "Tonga da Mironga do Kabuletê" (de Toquinho e Vinícius de Moraes) como exemplos de samba-jóia.
Ainda na década, se destacaria na cidade de São Paulo Geraldo Filme, um dos principais nomes do samba paulistano - ao lado de Germano Mathias, Osvaldinho da Cuíca, Tobias da Vai-Vai, Aldo Bueno e Adoniran Barbosa, este último já devidamente reconhecido nacionalmente antes de ser relembrado e regravado com mais frequência nos anos setenta. Sambista da Barra Funda, um reduto do samba paulistano, Firme era também freqüentador das rodas de "Tiririca", no Largo da Banana, e montou os espetáculos "Balbina de Yansã" e "Pagodeiros da Paulicéia", em parceria com Plínio Marcos. Em Salvador, compositores como Riachão, Panela, Batatinha, Garrafão e Goiabinha, foram seguidos por Tião Motorista, Chocolate, Nélson Balalô, J. Luna, Edil Pacheco, Ederaldo Gentil, Walmir Lima, Roque Ferreira, Walter Queirós, Paulinho Boca de Cantor e Nélson Rufino, que mantiveram a tradição dos sambas-de-roda e samba-coco. E ao final da década, João Bosco em dupla com o poeta Aldir Blanc - dois discípulos dos estilos de violão tocados por Baden Powell, Dorival Caymmi e Gilberto Gil - também ajudariam a renovar o samba tradicional (inclusive o de enredo) - algo que Aldir continuaria a fazer com novos parceiros como Guinga e Moacyr Luz na década de 1990.[1]

Década de 1980

O pagode

Zeca Pagodinho é um dos sambistas mais populares do Brasil.
Depois de um período de esquecimento onde as rádios eram dominadas pela Disco Music e pelo rock brasileiro, o samba consolidou sua posição no mercado fonográfico na década de 1980. Compositores urbanos da nova geração ousaram novas combinações, como o paulista Itamar Assumpção, que incorporou a batida do samba ao funk e ao reggae em seu trabalho de cunho experimental. Mas foi no início da década de 1980 que o samba reapareceu no cenário brasileiro com um novo movimento, chamado de pagode. Com características do choro e um andamento de fácil execução para os dançarinos, o pagode é basicamente dividido em duas tendências. A primeira delas é mais ligada ao partido-alto, também chamada de pagode de raiz, que conservava a linhagem sonora e fortemente influenciada por gerações passadas. A segunda tendência, considerada mais "popular", ficou conhecida como "pagode-romântico" e passou a ter grande apelo comercial na década de 1990 em diante.
Nascido no final da década anterior, por meio das rodas de samba que um grupo de cantores e compositores faziam embaixo da tamarineira da quadra do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, o pagode era um samba renovado, que utilizava novos instrumentos que davam uma sonoridade peculiar àquele grupo, como o banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto) e o tantã (criado por Sereno), e uma linguagem mais popular.
Pontuado pelo banjo e pelo tantã, o pagode seria uma resposta ao ocaso do samba no início dos anos oitenta, que teria obrigado os seus seguidores a se reunirem em fundos de quintal para mostrar suas novas composições diante de uma platéia de vizinhos. Este ramal do samba, movido a partido-alto, revelaria inicialmente nomes como Almir Guineto, Jorge Aragão, Jovelina Pérola Negra e Zeca Pagodinho (o único que se firmaria ao fim da onda inicial) - além do Grupo Fundo de Quintal, que revelaria ainda a dupla Arlindo Cruz e Sombrinha. Também partideiro, da década anterior, Bezerra da Silva emplacaria seus chamados "sambandidos", canções com enredos que documentavam a guerra civil da sociedade partida.[2]
Em meio da euforia consumista do Plano Cruzado, os pagodeiros se mostraram excelentes vendedores de discos - sempre mais de 100 mil cópias por lançamento - e conquistaram seu espaço na grande mídia, de onde não saíram mais do rádio e da TV. Esse pagode, cujo auge mercadológico verificou-se exatamente em 1986, teve como mola mestra estética a ampla exposição e revalorização do partido-alto, modalidade de samba, até então de pouquíssima visibilidade. Assim, as rodas de samba de "fundos de quintal" revelaram ou confirmaram o talento de muitos bons versadores, cultores da velha arte, como a dupla que reunia o conhecido Zeca Pagodinho e o desconhecido Deni de Lima, sobrinho de Osório Lima, legendário compositor do Império Serrano.[18]
De uma curtição exclusivamente suburbana, os pagodes (tanto a festa, com suas comidas e bebidas, quanto o novo estilo) se tornaram moda também nos bairros da zona sul do Rio e em diversos localidades do Brasil. O ímpeto aos poucos diminuiu, com a consequente queda de poder aquisitivo do seu maior público consumidor – as classes menos abastadas. Mas logo, uma nova modalidade desse subgênero, bem mais comercial e desvinculada das raízes, passaria a ser conhecida como pagode.[23]

Década de 1990

No final da década de 1980, o pagode enchia salões e, no início dos anos noventa. A indústria fonográfica, já amplamente orientada para a globalização pop, usurpou o termo pagode, batizando com ele uma forma diferente de fazer samba que guardava poucos elementos com o samba inovador da década anterior, massificando-o de forma enganosa. Essa diluição partia majoritariamente da cidade de São Paulo, o que engendrou o rótulo equivocado de "pagode paulista".[18] E seus principais arautos foram os músicos de um grupo que, inclusive, segundo as edições em partitura de seus primeiros lançamentos, pretendia estar fazendo o que se chamava de "samba-rock", mas na verdade eram mais uma variação mais pop do samba-rock dos bailes deu as caras em músicas de bandas como o Raça Negra e o Negritude Júnior.[23] Assim, as grandes gravadoras criaram um novo tipo de pagode, que muitos chamariam de "pagode-romântico", "pagode comercial", ou simplesmente tachado de "pagode".
Vertente mais distanciada do pagode "de raiz" do final dos anos setenta, esse pagode "romântico" se tornaria um fenômeno comercial, com o lançamento de dezenas de artistas e grupos paulistas, mineiros e cariocas, entre os quais, Art Popular, Exaltasamba, Harmonia do Samba, Irradia Samba e Kaô do Samba, Só Pra Contrariar, Os Travessos, entre outros. Sua massificação nas emissoras de rádios e TVs ajudou a melhorar a arrecadação de direitos autorais e fez com que as músicas norte-americanas ficassem em segundo lugar em arrecadação durante aquela década, algo inédita no Brasil. Apesar disso, este tipo de pagode desagrada grande parte da crítica musical, que questiona especialmente a qualidade das músicas.[1] A imposição desse samba diluído, então, gerou reação, partida principalmente de um segmento e público, em geral mais politizado, ávido daquele samba que se convencionou como "de raiz", no qual vertentes como o samba de morro e o samba-de-partido-alto encontram lugar de destaque.[18]
Em 1995, o compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz reorganizou o "Pagode do Trem", fazendo com que o evento entrasse para o calendário turístico da cidade do Rio de Janeiro, sendo apresentado no Dia Nacional do Samba, em 2 de dezembro. O "Pagode no Trem" era inspirado nos encontros organizados por Paulo da Portela com sambistas de Madureira e Osvaldo Cruz, subúrbios do Rio de Janeiro, durante a década de 1930. após um dia de trabalho, estes sambistas voltavam para Oswaldo Cruz no trem do início da noite e, em um desses vagões, organizavam reuniões e discutiam a organização do carnaval, sempre com muito samba.[1]
Ainda nos anos noventa, apareceram mais duas fusões de samba com outros gêneros musicais. O primeiro deles foi o samba-rap, criado nas favelas e presídios paulistanos e cariocas. O outro foi o samba-reggae, este surgido a partir de manifestação de grupos baianos, cariocas e paulistas em modificar o pagode tradicional e o transformar em um samba suingado.

Samba no século XXI

A partir do ano 2000, surgiram alguns artistas que buscavam se reaproximar das tradições mais populares do samba. Foram os casos de Marquinhos de Oswaldo Cruz, Teresa Cristina e Grupo Semente, entre outros, que contribuíram para a revitalização da região da Lapa, no Rio de Janeiro. Outros nomes surgiram nesse tradicional reduto do samba, como o compositor Edu Krieger, que foi gravado por nomes como Roberta Sá e Maria Rita, a cantora Manu Santos, novata revelada no festival mais importante da Lapa nos dias atuais, a Mostra de Talentos do Carioca da Gema - que também trouxe nomes como Eliza Ador, Roberta Espinosa, Moyseis Marques entre vários outros.
Em São Paulo, o samba retomou a tradição com shows no Sesc Pompéia e ainda através do trabalho de vários grupos, entre eles, o grupo Quinteto em Branco e Preto que desenvolvia o evento (no bairro de Santo Amaro) "Samba da Vela" - no qual seus participantes só cantam sambas inéditos de compositores desconhecidos da indústria musical.[24][25] Isso tudo contribuiu para atrair vários artistas do Rio de Janeiro que, além de shows, fixaram residência em bairros da capital, como São Mateus.[1]
Em 2004, o então ministro da cultura Gilberto Gil apresentou à Unesco o pedido de tombamento do samba como Patrimônio Cultural da Humanidade, na categoria "Bem Imaterial", através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. No ano seguinte, o samba-de-roda do Recôncavo Baiano foi proclamado "Patrimônio da Humanidade" pela Unesco, na categoria de "Expressões orais e imateriais".[5][6]
Em 2007, o IPHAN conferiu registro oficial, no Livro de Registro das Formas de Expressão, às matrizes do samba do Rio de Janeiro: samba de terreiro, partido-alto e samba-enredo.[8][9]

O samba resiste

A música brasileira é uma das mais diversificadas do mundo, especialmente o samba. Como a rumba cubana e o merengue dominicano, o samba brasileiro é um gênero amplo, complexo e diversificado. Esta diversidade, por si só, dificultou a imposição em seus países de origem de um padrão único de música popular, o chamado pop, como tem feito no resto do mundo a indústria fonográfica.[18] Uma destas primeiras tentativas de enquadrar o samba no Brasil ocorreu com as criações dos estilos sambolero e sambalada. Mas a primeira investida de peso no sentido de impor uma dominação estética na música brasileira veio com os Festivais Internacionais da Canção no início da década de 1970, sendo que estes culminariam com o movimento chamado "Rock Brasil", na década seguinte.[26]
Universalmente difundida através do disco, do rádio, da TV e dos videoclipes, a música pop é uma produção industrial que privilegia a forma em detrimento do conteúdo - não por acaso se valorizam os trabalhos de produtores e engenheiros de som - e criada em princípio para chegar ao topo das paradas de sucesso e lá permanecer por algumas semanas, até ser substituída pela próxima canção pop. E, através desse pop, a indústria do entretenimento rejeita as diferenças e trabalha o estabelecimento de uma linguagem única em música popular em escala planetária.[27] Com a primazia da globalização, que opera no sentido da extinção da produção tradicional, as grandes corporações internacionais da indústria musical cultural e do entretenimento ignoram ou desqualificam o samba.[18]
Durante meados da década de 1980 e, principalmente, durante a década de 1990, a indústria fonográfica tentou se apropriar de alguns estilos brasileiros, como foi o caso do pagode, que foi transformado em um "samba diluído, expresso em um produto sem a malícia das síncopa e sem as divisões rítmicas surpreendentes, com letras infantilmente erotizadas e arranjos previsíveis e cada vez mais próximos da massificação da música pop".[18]
Não por acaso, contra isso, blogueiros - ainda que sob ameaça de terem seus blogs fechados -[28] passaram a disponibilizar antigos e obscuros LPs, que as gravadoras não cogitam relançar por não ter "valor comercial".[29] Os próprios executivos destas grandes gravadoras, como a Universal e a EMI, que detêm por exemplo grande acervo de bossa nova, admitem que a prioridade é para lançar ou relançar produtos vendáveis.[30]

Instrumentos de samba

O samba é tocado basicamente por instrumentos de percussão e acompanhado por instrumentos de corda. Em vertentes como o samba-exaltação e o samba-de-gafieira, foram acrescentados instrumentos de sopro.

Instrumentos básicos

[editar] Em vertentes

Outras designações para samba

Baile

Da mesma forma que o batuque, já desde o início do século XIX, a palavra samba se estendeu como designação de qualquer tipo de baile popular, sinônimo de arrasta-pé, bate-chinela, brincadeira, balança-flandre, baiana, cateretê, fandango, fobó, forró, forrobodó, função, fungangá, pagode, xiba, zambê, entre outros.[3]

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